José Antônio Ferreira Cirino; Claudomilson Fernandes Braga:Comunicação, Mídia e Cidadania
- nuovo livro ISBN: 9788549501110
Em tempos de crise, nos quais muitos questionamentos acerca da democracia parecem ainda mais urgentes, falar de Comunicação Mídia e Cidadania é mais do que simplesmente comentar com curio… mais…
Em tempos de crise, nos quais muitos questionamentos acerca da democracia parecem ainda mais urgentes, falar de Comunicação Mídia e Cidadania é mais do que simplesmente comentar com curiosidade as piadas que surgem sobre o tema nas listas do Whatsapp ou reclamar dos enfoques que os diferentes veículos dão às questões ligadas à corrupção e ao poder. Vou considerar aqui a comunicação como transmissão de informação, o que inclui as atividades como a imprensa, o cinema, o rádio e a televisão. Mas além do uso de tecnologias, a palavra mídia envolve uma grande possibilidade de aplicações e significados. As atividades de mediação a partir de diferentes veículos de comunicação com diferenças conceituais e até mesmo estruturais se tornaram ainda múltiplas em função das chamadas TICs ? tecnologias de informação e comunicação, que abriram novos espaços para atuação de empresas e indivíduos. No contexto da chamada revolução digital, ou seja, da possibilidade de utilização em larga escala das tecnologias ligadas à conversão/redução ? de textos, sons e imagens a bits e da convergência tecnológica que está dissolvendo as fronteiras entre as telecomunicações, a comunicação de massa e a informática, o emaranhado de relações que envolve os veículos de comunicação ? ou como gostamos de dizer, a mídia ? constituem-se simultaneamente de um importante setor produtivo, cujos resultados econômicos são mensuráveis, mas também de um universo simbólico cuja dimensão é sensível, porém não necessariamente possível de ser mensurável. Esta dupla relação envolve também um contínuo investimento tecnológico e uma percepção individual, única e cotidiana de diferentes conteúdos, que afetam comportamentos e, por extensão, as relações políticas e culturais. E é justamente neste momento que cabe aos estudiosos da mídia repensar o próprio papel dos processos de comunicação na sociedade e na formatação da democracia, ainda que sejam novos modelos e novas formas de agir e interagir nas relações entre a mídia e a cidadania. A relação de interdependência entre a comunicação e a cidadania salta aos olhos de qualquer observador da vida social, e particularmente para os estudiosos da mídia. Embora não seja fácil entender de forma aprofundada os diferentes aspectos desta relação, ainda mais em uma sociedade plurifacetada, que necessita ser compreendida não apenas a partir de seus aspectos mais visíveis, mas, como um prisma, também a partir dos reflexos ocasionais uma vez que suas luzes e consequências se espalham e multiplicam espaços das relações sociais, políticas econômicas. É fundamental, portanto, que os pesquisadores da área também alicercem seus questionamentos sobre pesquisas empíricas conceitualmente fundamentadas que questione e aponte os elementos nem sempre visíveis ao grande público sobre a atuação das mídias. Neste sentido, os trabalhos aqui apresentados constituem-se ao mesmo tempo uma visão ampla destes estudos, mas também uma base vigorosa para fundamentar novos caminhos, ou novas angustias, que a cada dia surgem nos estudos desta área. É o caso, por exemplo, das questões apresentadas no trabalho de Amanda Calazans e Angelita Lima, que faz uma leitura de gênero ajustada a práticas do jornalismo no Brasil. Esse mesmo caminho é seguido no texto trabalho em co-autoria por mim e Ana Maria de Morais, que aponta a sobrevivência de preconceitos do século passado na atualidade; e do trabalho de João Lúcio Mariano Cruz, que aponta as relações entre o jornalismo e o acesso à cidadania das Famílias homoafetivas. Um aspecto semelhante é levantado por Eurípedes Ferreira de Carvalho Júnior, que também questiona a questão dos direitos sociais. Em seguida, ainda aproximando-se destes questionamentos, José Antônio Ferreira Cirino faz uma contribuição teórica importante no texto sobre a Análise Crítica de Discurso. Os questionamentos continuam a partir do olhar de Brenno Sarques, que analisa a questão da representação do suicídio, e de Rhayssa Fernandes Mendonça e Claudomilson Fernandes Braga, que vê no assistencialismo vestígios do coronelismo como elemento de uma cidadania inexistente, enquanto a questão da comunicação Comunitária no contexto Governamental é abordada no trabalho de Luciano Alves Pereira e Adriane Geralda Nascimento, e a vulnerabilidade do corpo à linguagem Karine do Prado F. Gomes. Trata-se, portanto, de um conjunto de abordagens ao mesmo templo amplo e coeso, que traz no seu cerne o próprio debate sobre a importância da comunicação para a formação/informação e conscientização de cidadãos mais plenos, e, portanto, mais aptos a reivindicar e exercer a cidadania. Um bom exemplo de trabalhos que prometem despertar ainda mais possibilidades de novos questionamentos na área. A ciência, como sabemos, é feita de questionamentos. Assim, mais do que desejar a todos uma boa leitura, esperamos que estes textos abram espaços para reflexões e questionamentos que efetivamente contribuíam para um melhor entendimento das mídias e sua relação com a cidadania. Ana Carolina Rocha Pessôa Temer, Business & Economics, PPGCOM/FIC/UFG<